Bom Dia ou Mal Dia ?
APRENDA A RESPEITAR O SEU RELÓGIO NATURAL
Todos nós temos um tempo natural, biológico. Uns nascem para cotovias, outros para corujas. Há os que acordam de manhã cheios de entusiasmo, falantes, “cantando o hino nacional”. Há outros que, por mais que tenham dormido, não conseguem de fato acordar antes do meio dia, mesmo que há muito já estejam de pé. Há pessoas para todas as horas: matutinas, vespertinas e noturnas.
O relógio orgânico de cada um precisa ser respeitado. Compatibilize a realização de atividades ao seu biorritmo, assegurando assim maior aproveitamento de suas energias e melhor resposta física e psicológica às demandas do cotidiano.
O executivo deve dedicar à execução de atividades e tarefas importantes, principalmente as que requerem concentração, reflexão e criatividade, os momentos de pique de rendimento de seu tempo natural. Você garantirá por certo resultados bem superiores de desempenho.
As pessoas variam muito quanto às curvas de rendimento ao longo do dia. Os matutinos estão no ponto de excelência de desempenho durante as manhãs, e, obviamente, os vespertinos às tardes, e os noturnos e notívagos às noites.
As seqüências preferidas de execução de atividades também variam, dependendo das diferenças individuais. Alguns preferem se dedicar à solução dos problemas mais complexos ou às responsabilidades mais difíceis logo à primeira hora da manhã, “antes que possam esquentar a cabeça” com as exigências do dia. Outros gerentes preferem despachar logo o expediente diário, fazer algumas chamadas telefônicas, responder aos e-mails antes de mergulharem na discussão ou análise de um tema delicado que requeira toda atenção.
Tentar proceder a padronizações mecanicistas do uso do tempo para executivos, como preconizam muitos compêndios de administração do tempo, constitui-se numa absoluta impropriedade prática. Não funciona na realidade. Cada caso é um caso em que as particularidades de cada executivo devem ser atendidas no comportamento expresso na ação de trabalho. Os conceitos de gestão eficaz do tempo devem, no entanto, ser compartilhados e consensados. Quanto mais compatível às características individuais de cada um em termos do uso do tempo, e, ao que, à luz das circunstâncias, definir-se como conveniente e oportuno, mais competente será o executivo.
Já o tempo mecânico é o tempo decorrente do relógio que marca a inexorabilidade da passagem da vida. Mas mesmo este é também um conceito relativo, dependendo do tempo e espaço, ou, por exemplo, das diferenças de fusos horários, ou das condições especiais de privação, como os seqüestrados e encarcerados que perdem a noção do transcurso das horas e dos dias no cativeiro.
A plenitude da vida não pertence à uniformidade artificial imposta pelo relógio mecânico, mas à diversidade natural estabelecida pelas diferenças de biorritmos e dos relógios orgânicos de cada um.
A vida comunitária moderna impõe a prevalência do relógio mecânico sobre o relógio biológico. Tentar conciliar os dois é função da administração do tempo, prática gerencial decisiva para a redução do stress no trabalho e para a garantia de maior felicidade pessoal na família.
As crianças não se preocupam com o tempo mecânico cronometrado. Este costuma ser problema de suas mães ou babás. Se têm fome, choram para comer. Se têm sono, choram para dormir. A vida adulta, no entanto, nos impõe a ditadura do relógio, e, daí, o aumento de stress, com perda de qualidade de vida e inevitáveis malefícios à saúde.
O conceito do uso do tempo é bastante elástico, dependendo das diferenças culturais, sociais e históricas, dos processos civilizatórios de cada sociedade, e das condições ambientais vigentes. O silvícola é completamente distinto do homem urbano no que tange ao que faz e como usa o seu tempo. Igualmente, percebem o recurso do tempo de forma bastante distante o habitante de regiões frias e quentes, o morador da metrópole e o da cidadezinha do interior, o camponês e o operário fabril, o contemporâneo dos pombos-correio dos tempos imemoriais e os atualíssimos usuários da internet.
Os famosos “2 minutinhos” amplamente utilizados no Brasil é um conceito de tempo que pode variar de efetivamente 2 minutos a mais de uma hora, dependendo dos interlocutores. Ainda é lugar comum no Norte do Brasil a estranha prática de agendar compromissos “antes ou depois da chuva”.
Muitos sonham com paradisíacas ilhas desertas sem relógios e pressão de tempo, sem stress. Outros com o devaneio da volta ao campo, onde a vida parece fluir bem mais lentamente. Todos anseiam, enfim, por um retorno utópico ao passado, como se estivéssemos permanentemente em busca de um tempo perdido em que éramos felizes. Parece a busca do Éden!
Vivemos o corre-corre de um tempo cronometrado, gostemos ou não. Para não ficarmos neuróticos ou até paranóicos, precisamos aprender a conviver com essa realidade sempre estressante, quer na vida social quer no trabalho. Compatibilizar as imposições inexoráveis do relógio, que marca a inevitabilidade das horas, com as nossas características pessoais de cotovia ou de coruja pode vir a ser o nosso encontro com a plenitude de uma vida feliz. Só assim aprenderemos a usar o tempo a nosso favor, para nós mesmos, tirando dele toda a gratificação e recompensa que nos pode proporcionar. Afinal, parodiando Benjamin Franklin – “Você ama a vida? Então, não desperdice tempo, pois é dele que a vida é feita”.
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