Culpados ou Inocentes
Caixa de Pandora
O quase infinito derrame de gás e petróleo, que ameaça converter muitos países em um oleoso e sujo esgoto, parece-se hoje à mitológica Caixa de Pandora, pois pode ser fonte de outros males por vir.
Soemos utilizar a frase "abrir a caixa de Pandora", quando queremos dizer que alguns dos atos realizados na vida trarão novas desgraças.
A história de Pandora e sua famosa caixa se dá no marco do mito de Prometeo, que robou o fogo dos deuses para entregá-lo aos homens, e Zeus decidiu castigá-lo por sua osadia.
Por ordem de Zeus, pai de todos os deuses, Hefesto, deus do fogo, famoso por suas habilidades manuais, criou a linda estátua de uma provocadora doncela.
A própria Atenea, invejosa de Prometeo, colocou sobre a imagem uma vestimenta branca e reluzente e aplicou nela um luxuoso véu transparente, além de coroá-la con frescas flores, e de lhe cingir o talhe com um cinturão de ouro.
Hermes, o mensageiro dos deuses, outorgou a fala à bela doncela e Afrodite lhe deu todo seu encanto amoroso e sua muito atraente feminilidade.
Desse modo, Zeus, sob a inocente aparência de um bem, criara na realidad um enganoso mal, ao que chamou Pandora, pois cada um dos Inmortais entregara à moça algum nefasto obséquio para os homens.
Então, conduziu-a até a Terra, onde os mortais vagueavam misturados com os deuses, e uns e outros maravillaram-se ante sua irresistível figura.
Mas ela dirigiu-se diretamente a Epimeteo, o ingênuo irmão de Prometeo, levando-lhe uma caixa como presente especial do poderoso Zeus.
Em vão Prometeo advertira seu irmão a que nunca aceitase um obséquio vindo do Olimpo.
Deveria rechaçá-lo imediatamente para não causar dano a todos os humanos, mas Epimeteo não resistiu à curiosidade e aceitou-o com gosto.
Apenas Pandora abriu a tampa e em seguida voaram do recipiente inumeráveis males que se espraiaram por toda a Terra com a velocidade do raio.
A velhice, a doença, o cançaso, a loucura, o vicio, a paixão, as pragas, a tristeza, a pobreza, o crime e todos os males do mundo se estenderam pela terra.
Oculto no fundo da caixa havia um único bem: a esperança, mas Pandora deixou cair a tampa antes que saísse voando, encerrando-a para sempre na arca.
A empresa Brittish Petroleum verteu mais de 400 mil galões de perigosos e ainda não investigados dispersantes químicos e nas próximas semanas essa cifra pode duplicar-se ou triplicar-se segundo assegurou Lamar McKay, Presidente de BP America.
Dave Andrews, Doutor do Grupo Ecologista federal assinalou que muitas pessoas desconhecem o que esses dispersantes podem causar quando são utilizados concentradamente em grandes quantidades.
O certo é que esses produtos não provocarão que desapareça o fluxo derramado, senão que, como explicou a revista Nature, o que fazem na prática é fragmentar em pequenos segmentos a atual maré negra.
Sua utilização implica fazer concessões ambientais e é evidentemente um ato desesperado e irresponsável, manifestou Jane Lubchenco, administradora da Entidade Oceânica e Atmosférica Federal.
Todo o Golfo se converteu agora num laboratório gigantesco, simplismente porque não podemos responder à pergunta sobre se ajuda a utilização maciça de dispersantes ou nos cria males maiores, publicou alarmado o jornal New York Times.
Os dispersantes utilizados nol Golfo existem há décadas e são o COREXIT EC9527A que chegou no mercado nos 80 e o COREXIT 9500 descoberto nos anos 90, ambos produzidos pela empresa NALCO.
A Agência Federal de Proteção ao Meio Ambiente autorizou até o presente o uso de quantidades muito limitadas de dispersantes, mas não deu ainda luz verde para seu uso maciço neste incidente concreto.
O certo é que o público realmente não tem acesso à informação sobre as consequências destes produtos altamente tóxicos, porque as empresas produtoras clasificam o tema como "confidencial" ou "somente para o uso do fabricante".
O próprio produtor protege-se quando põe uma etiqueta de que não se realizaram estudos de toxidade sobre este componente químico.
Outra evidência chamativa é que a produtora destes dispersantes, a empresa NALCO, é propriedade da petroleira Exxon Mobil e da própria BP, segundo a revista Greenwire.
Mas as trasnacionais petroleiras nunca investiram o dinheiro necesásario para investigar a fundo esses agentes químicos e agora isso se fará com as contribyuições dos desesperados contribuintes.
Por isso, todo o que sabemos sobre as consequências que podem provocar estes quase desconhecidos produtos é tão obscuro como as manchas das águas que rodeiam o derrame.
Se os derrames anteriores servem de guia, o comprovado até hoje é que BP só poderá capturar uma pequena quantidade do petróleo, ao passo que a natureza encarregar-se-á de dissipar lentamente uma bona parte e o resto estará incomodando por séculos.
O petróleo pode desaparecer por evaporação, dispersão, pela ação de bactérias e pela remoção manual mediante a ação de voluntários.
Pode penetrar na cadeia alimentícia e sabe-se que pode afetar os sistemas imunológicos e os órgãos internos dos animais marinhos, o que ainda não foi estudado profundamente pelos biólogos.
Ocurre que os animais intoxicados não podem buscar com facilidade alimentos, nem se defender com astúcia de seus predadores, manifestou Gail V. Irving do Laboratório Geológico.
Ira Leifer, que trabalha no Grupo Técnico de Fluxo, afirma que é possível que se estejam infiltrando cem mil barris, quantidade muito mais alta do que o cálculo inicial oficial do governo.
Leifer declarou a McClatchy Newspapers que, uma vez que o óleoduto ascendente foi retirado, não havia quase nada que bloqueasse a ascensão do cru à parte superior do dispositivo para prevenir explosões.
Agora, BP está em condições de levar parte do petróleo a um barco, mas Leifer afirmou que a quantidade real que se está infiltrando no Golfo aumentou sustancialmente.
O arrogante representante de BP, Randy Prescott, fez declarações no sentido de que Louisiana não é o único estado que produz bons camarões, pelo que talvez fosse conveniente recordar-lhe que tampouco é BP a única empresa que oferece gás e petróleo, razão pela qual muitos clientes podem somar-se a um boicote contra ela.
Silvio González é chefe do Departamento de Difusão de Prensa Latina.
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Ofensiva de Obama para enfrentar a tragédia ambiental
Washington, 14 jun. (Prensa Latina) - O presidente dos Estados Unidos Barack Obama viajará hoje à costa do Golfo de México como parte de sua ofensiva para enfrentar a maior tragédia ambiental na história do país.
Acusado de uma suposta "lenta reação para enfrentar o maior derrame de petróleo ocorrido em águas estadunidenses", o presidente viajará nesta segunda-feira à região, pela quarta vez.
Desse modo, Obama planeja uma série de reuniões e fazer um discurso ao país sobre a situação, nos próximos dias.
O presidente esteve na costa do Golfo nos dias 2 e 28 de maio, e em 4 de junho, ocasiões em que esteve submetido a contínuas pressões de méios opositores e ambientalistas.
Estes exigem medidas mais enérgicas para enfrentar o derramamento e ajudar os estados e as populações afetadas de Luisiana, Mississípi, Alabama e Flórida.
Em declarações no domingo ao programa "Meet the Press", o conselheiro da Casa Branca David Axelrod assinalou que o governante,no seu discurso à nação, apresentará o plano que seu governo aplicará para enfrentar o problema.
Além disso, está prevista uma reunião na Casa Branca com o presidente da British Petroleum (BP) Carl Henric Svanberg e outros diretores da edmpresa, na qual entre outras coisas se abordaria a criação de um fundo de garantia especial para pagar as compensações pelos danos causados pelo vazamento de petróleo no golfo.
A 56 dias da explosão da plataforma Deepwater Horizon e do início da crise ambiental, as autoridades estadunidenses querem assegurar o pagamento de danos a indivíduos e negócios afetados pelo derramamento.
O mandatário porá sobre a mesa suas expectativas e, se for necessário, exercerá sua completa autoridade legal para assegurar que a companhia contribua com os fundos requeridos para pagar indivíduos e negócios prejudicados pelo derramamento em massa, precisou Axelrod.
Na véspera, venceu o prazo dado pelas autoridades estadunidenses à BP para aplicar métodos mais eficazes na contenção do derrame e na limpeza de uma extensa região contaminada.
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British Petroleum reduzirá pagamento de lucros a acionistas
Washington, 12 jun. (Prensa Latina) - A companhia petroleira British Petroleum (BP) anunciou que reduzirá os pagamentos de lucros aos acionistas pelos elevados custos do derrame de cru no Golfo de México.
Milhões de galões de petróleo escaparam nessa zona marítima desde 20 de abril, quando se desatou o que já é considerado o maior desastre ambiental nos Estados Unidos.
A BP tem sido fortemente criticada pela Casa Branca por seus planos de pagar 10 bilhões de dólares em dividendos, os quais podem ser diminuídos, segundo o presidente da empresa, Tony Hayward, em declarações à imprensa.
O governo britânico defendeu a BP de reprovações e manifestou que ela era economicamente importante tanto para Grã-Bretanha como para os Estados Unidos.
Tais declarações facilitaram que as ações da companhia subissem nesta sexta-feira, depois de serem golpeadas durante a semana.
Enquanto isso, cientistas estadunidenses duplicaram em seus cálculos sobre a quantidade de petróleo cru que vaza do poço, o que causa danos ecológicos e econômicos à costa de Alabama, Flórida, Luisiana e Mississipi.
Washington ameaça elevar a responsabilidade da BP sobre o derrame, enquanto legisladores desse país pressionam a empresa para que suspenda o pagamento de seus dividendos trimestrais, de modo a assegurar dinheiro suficiente para custear a limpeza do desastre
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